Aquela
tarde de setembro foi a pior da minha historia. Luís, meu melhor amigo,
chamou-me para pescar num lago perto da sua casa.
—
É um lago diferente, Bentinho! Ouço muitas histórias sobre ele. A luz do Sol
parece não chegar lá. Falaram-me que é tudo escuro e os peixes são maiores que
o normal.
Luís
tinha razão! Nunca pude esquecer-me daquela cena. O céu escuro, o lago cheio,
aves de rapina passando por lá, árvores enormes com galhos monstruosos. Com
certeza não estávamos em um lugar comum.
Quando
lá cheguei, deparei-me com um peixe enorme.
—
Que tipo de peixe é esse, Luís? Nunca o vi. Será uma espécie nova de Salmão?
Luís não respondia.
Eu falava muito, ele, porém, não se manifestava em nada. Eu estava ficando
preocupado, pois Luís era o mais falante de nós dois.
—
Vamos para o outro lado!
Luís
parecia não me ouvir. Ele jogava o anzol para o lado, esse vinha repleto de
peixes. Porém, para nada mais se movia. As horas passavam e tudo ficava ainda
mais escuro. Foi quando de repente...
—
Luís, o que é isso!? Seus olhos seus ouvidos, suas mãos... Você está vermelho! Está
maior! Luís, pelo amor de Deus, fale comigo! Diga-me o que você tem! O que está
acontecendo?
—
Estou sentindo algo estranho – falou ele com a voz grave – Sinto vontade de te
bater. Ouço vozes mandando te jogar no lago.
—
Como assim? Você está brincando, não é?
Ele
tinha feição de seriedade. Meu amigo virara um monstro. Meu amigo já não era o
mesmo que conheci. Parecia lutar contra si mesmo. Foi quando o inesperado
aconteceu...
—
Luís! Meu Deus, por que você se jogou aí? Esse lago é fundo, você pode morrer!
Meu melhor amigo pulara num lago fundo para não me jogar. As vozes que a li
havia escutado, eram os espíritos dos peixes mortos que lá estavam. Eles
queriam se alimentar de minha carne. Mas, Luís não deixou. Jogou-se antes de
ceder aos impulsos das vozes. Ele gritava para que eu fosse embora e eu
procurava um jeito para ajudá-lo. Peguei um galho grande, forte e joguei para
que ele pudesse se apoiar e eu o puxasse. Não foi fácil. Depois de quarenta
minutos, eu trouxe meu amigo de volta. Ele estava são daqueles horrores. Demos
um abraço! Pela primeira vez havia luz naquele lago.
DAYANNE MEYRELLEN - 2º Ano White
Orientador: Profº Pedro Marcos
Gênero: CONTO