Blog de literatura do EREMMVM   

terça-feira, 7 de junho de 2011

Elegia ao Mar

Aurora:
Por entre escuras nuvens começa a despontar
Um tímido sol de inverno que lança seus raios,
Dourando as águas de um sereno mar.

Na praia uma mulher molhada,
Macilenta e triste, vestida de branco,
Que esboça frágeis passos na areia gelada
Enquanto contempla as vagas que a chamam em pranto.

Os raios solares parecem ferir, ao tocarem pele tão alva.
O vento frio que move seus cabelos parece penetrar
Até o mais íntimo de sua alma,
E ao seu ouvido, melodias elegíacas, parece cantar.

Suas lágrimas quentes são lavas
Que brotam do seu frio e melancólico ser.
Seus olhos, qual espelho, mostram motivos ou palavras
Para aquela tristeza que os mesmos tentam esconder.
Seu brilho é um misto de dor e prazer.

Crepúsculo:
O sol não brilha como outrora.
Dá lugar a nuvens imensas
E à água que delas violentamente jorra.
Não há estrelas, não há luar, apenas trevas.

O vento tempestuoso quase tomba os coqueiros
Sua canção não é mais uma elegia
Reúne força e desespero
E forma violentas ondas que se debatem em agonia

Nada mais brilha, nada mais resplandece.
Naquela escuridão de precipício
Somente a pálida criatura em suas brancas vestes
Flutua, qual Ofélia, em seu insano suicídio.
Nada fala, nada ouve, nada sente.
Apenas se deixa levar, pelo mar que a tomou para sempre.

Autor: Prof. ALBERTO GUERRA - 1993

4 comentários:

  1. Nobre professor Guerra.
    A leitura dos versos dessa sua bela elegia, nos remete ao ambiente mágico no qual se passa esse misto de sentimento humano em comunhão com os fenômenos da natureza. Poetizado de uma forma ímpar, o senhor e a mãe natureza conseguem transferir os sentimentos tristes dessa mulher vestida de branco a caminhar pela praia fria. Minha curiosidade, já aguçada, fica aflita em querer saber o que ocorreu para que tal tristeza fosse descrita de forma tão suave e sublime. Não obstante das tristeza que nos assolam diariamente, bem sabemos quais motivos foram. Certamente um amor que partiu ou que agoniza em mais um ocaso tempestuoso.
    Parabéns pelo poema. Nós, amantes da poesia, esperamos ter o prazer de desfrutar de sua inspiração em futuras leituras. Abraços.

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  2. Agradeço ao prof. Claudio pelo elogio e pelo espaço de publicar minha "única" poesia, escrita enquanto ainda era aluno de Letras da UFPE, super influenciado pela escola romântica e seus repreentantes, como o grande Álvares de Azevedo.
    Na ocasião fui premiado num concurso interno de poesias, o que me moveu a produzir tal elegia.
    Para os que não conhecem ainda as expressões utilizadas no texto, aconselho pesquisar os autores ultra românticos brasileiros e, também, ler Hamlet, de Shakespeare para entender por que a jovem Ofélia teve fim tão triste.

    Teacher Guerra

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  3. parabens professor gostei muito do seu texto ficou otimo.

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  4. Parabéns, o seu poema é lindo. Abraços.

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