Quando entrei no ônibus naquele dia estava de cabeça cheia com problemas pessoais; afinal pensamos sempre que o mundo gira em torno do nosso umbigo.
De repente avistei um homem que silenciosamente levantou-se de onde estava e ficou parado em frente à porta no meio do coletivo. Seu olhar bateu em mim com uma força enorme, arrastou-me para o seu mundo de dor, sofrimento e angústia profunda. Começou a falar em tom de voz baixo e calmo, o mesmo vendia bombons para sustento da família, uma vez que, estava desempregado há anos e falou um pouco da sua história.
Não contive o meu olhar, fiquei a fitá-lo, seus olhos pareciam não estar ali, pareciam parados, distantes. É como se o seu corpo estive sem alma.
As pessoas falavam, conversavam em tom de voz muito alto, acredito que quase ninguém o ouvia, muito menos sentia sua dor. Nós, geralmente, não compartilhamos dor.
Autora: Professora NAGAÉTE ALMEIDA TENÓRIO.
Nobre mestra Nagaéte.
ResponderExcluirToda tua rusticidade é quebrantada por uma simples lágrima, por um semblante de tristeza.
Às vezes, em silêncio, fito teus olhos e encontro uma muralha de pedra com um portão de ferro que não vejo o fim. Mas nele há uma abertura, mínima, quase imperceptível, é por ela que o meu olhar curioso consegue passar por essa fronteira fortemente defendida, é por ela que consigo transpor inabalável muralha e te ver. És linda.
Abraços fraternos.
A vida tem desses momentos reflexivos.
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