Blog de literatura do EREMMVM   

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O Olhar... (Crônica)

           Quando entrei no ônibus naquele dia estava de cabeça cheia com problemas pessoais; afinal pensamos sempre que o mundo gira em torno do nosso umbigo.
            De repente avistei um homem que silenciosamente levantou-se de onde estava e ficou parado em frente à porta no meio do coletivo. Seu olhar bateu em mim com uma força enorme, arrastou-me para o seu mundo de dor, sofrimento e angústia profunda. Começou a falar em tom de voz baixo e calmo, o mesmo vendia bombons para sustento da família, uma vez que, estava desempregado há anos e falou um pouco da sua história.
           Não contive o meu olhar, fiquei a fitá-lo, seus olhos pareciam não estar ali, pareciam parados, distantes. É como se o seu corpo estive sem alma.
            As pessoas falavam, conversavam em tom de voz muito alto, acredito que quase ninguém o ouvia, muito menos sentia sua dor. Nós, geralmente, não compartilhamos dor.

Autora: Professora NAGAÉTE ALMEIDA TENÓRIO.

2 comentários:

  1. Nobre mestra Nagaéte.
    Toda tua rusticidade é quebrantada por uma simples lágrima, por um semblante de tristeza.
    Às vezes, em silêncio, fito teus olhos e encontro uma muralha de pedra com um portão de ferro que não vejo o fim. Mas nele há uma abertura, mínima, quase imperceptível, é por ela que o meu olhar curioso consegue passar por essa fronteira fortemente defendida, é por ela que consigo transpor inabalável muralha e te ver. És linda.
    Abraços fraternos.

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  2. A vida tem desses momentos reflexivos.

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