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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Cascas...

Cascas.. Autor: Richard Max
 Todo final de semana, eu, meu irmão e meus pais íamos a um grande sítio pertencente à família do meu pai há décadas, na tentativa de fugir um pouco da agitação urbana e desfrutar naqueles poucos e rápidos momentos a serenidade campestre. Como era lindo aquele lugar... Repleto de pequenas, grandes e médias árvores que se subdividiam entre frutíferas e ornamentais. Na copa das árvores os pássaros cantavam melodiosamente e rentes ao chão, trabalhavam incansavelmente as formigas preparando o celeiro no Verão para o longo e tempestuoso Inverno. Pelo ar, voavam em forma de ziguezague, lindas e coloridas borboletas que vez por outra acariciavam as flores. Tudo ali possuía um toque de encantamento e magia...
Eu e meu irmão ficávamos sequiosos para que chegasse o fim de semana e pudéssemos ir logo ao sítio... “O nosso novo mundo de descobertas, aventuras e ensinamentos.” Ensinamentos os quais nos seguiriam por toda a vida que, agora, apenas, iniciava.
 Certa vez estávamos brincando debaixo de uma colossal jaqueira que jazia em uma das extremidades do sítio, onde havia um mini-campo de futebol projetado por meu tio, um modesto senhor com cinqüenta e poucos anos de idade, e um balanço de pau amarrado nas pontas por uma corda rústica e resistente, o qual naqueles momentos pertencia somente a mim. Exclusivamente a mim.
Entretanto, diferentemente de todos os outros finais de semana, em vez de correr diretamente para o “meu balanço”, parei na minha carreira, e fiquei olhando curiosamente, ao longe, o que meu tio estava fazendo com o imenso tronco daquela jaqueira. Ele arrancava como que umas cascas daquele tronco. Dominado pelo ímpeto, não consegui conter minha curiosidade e perguntei aquilo que me deu vontade:
 - O que o senhor está fazendo tio Antônio? O senhor está destruindo a árvore? O que é isso que o senhor está arrancando?
Ele pacientemente respondeu:
 - São cascas meu filho! São cascas que as plantas possuem e, que nos impedem de ver o que está por baixo...
 Dizem que ao longo do tempo elas caem naturalmente e conseguimos ver enfim o tronco, porém, depois disso, muitas morrem com doenças curáveis que poderiam ter sido devidamente tratadas no processo inicial de contaminação, garantindo assim mais um tempo de vida a planta. Por conta disso, prefiro retirar logo as cascas e descobrir previamente alguma doença camuflada que possa me fazer perdê-la.

Autor: Richard Max Bento Venceslau

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